Fernando Correia, candidato a Presidente Suplente da Mesa da Assembleia Geral e a membro do Conselho Geral



Caminhos para o futuro

Para os jornalistas, que caminhos para o futuro? Apenas algumas direcções que me parecem importantes:
- Aceitar a mudança, sabendo que a profissão tal como é hoje não é igual à que foi ontem, e a de amanhã de certeza não irá ser como a de hoje. Um amanhã cada vez mais imprevisível em que as novas tecnologias – nem endeusadas nem demonizadas – continuarão a ocupar um lugar central.
- Impedir que a pretexto da mudança se percam regras e princípios éticos e profissionais historicamente indissociáveis do jornalismo rigoroso e livre e da responsabilidade social do jornalista.
- Combater a perversidade profissional que resulta da interiorização como valores jornalísticos daquilo que são apenas valores comerciais, e a concepção do “bom jornalismo” como o jornalismo que “vende bem”.
- Reafirmar valores como a solidariedade e a camaradagem, com a ideia clara de que a unidade na acção é imprescindível, como ao longo dos tempos, os de antigamente e os de hoje, muitos exemplos o têm mostrado.
- Reforçar a disponibilidade e o empenhamento para a participação e o apoio a estruturas como os conselhos de redacção, os delegados sindicais, as comissões de trabalhadores, na medida em que sem organização e sem as organizações, a começar pelo sindicato, nada se consegue.
- Valorizar a ligação ao público, apelar e promover a sua intervenção e participação, considerando que os problemas da informação não dizem apenas respeito aos profissionais do sector, mas sim a toda a sociedade.
- Aproveitar e procurar alargar o grau de autonomia relativa de que os jornalistas apesar de tudo dispõem, no sentido de lutar contra as pressões a que estão sujeitos, tendo a clara consciência – e fazendo-o sentir à classe e à sociedade – de que a fragilização do jornalismo e dos jornalistas, significa, necessariamente, a fragilização da democracia.
No exercício do jornalismo, a perspectiva humanista e a consciência cívica nascem e alimentam-se do confronto com as realidades da vida, um confronto naturalmente imposto pelo dia a dia da profissão. Daqui resulta, ou pelo menos deveria resultar, um perfil pessoal, mas também de grupo, estruturado em duas dimensões: a dimensão profissional e a dimensão cívica.
Creio que o jornalista só o é por inteiro, se for um cidadão jornalista ou, se preferirem, um jornalista cidadão.
Creio também que o jornalista, só por si e enquanto tal, não vai conseguir mudar a maneira de fazer informação, já que esta depende de factores que ultrapassam o campo dos media.
Mas creio igualmente que o jornalista cidadão poderá, deverá, contribuir para a criação das condições que irão permitindo a transformação no jornalismo e na informação. E também no resto.

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