Lídia Barata, candidata ao Conselho Geral





Neste quase quartel de século em que assumi ser jornalista, apesar da formação académica na área e com alguma especialização, todos os dias me disponho a aprender. Aprender no sentido de me actualizar, de me adaptar aos novos meios e às novas linguagens mediáticas, pois não nasci “nativa digital”.

Não sou avessa à mudança, antes pelo contrário, desde que essa mudança e actualização não implique abdicar ou desvirtuar o que é a essência do jornalismo e, consequentemente do que é ser jornalista.

Por isso sublinho no manifesto desta lista que “a precariedade crónica, os baixos salários, a falta de horizonte na carreira, a concentração da propriedade de órgãos de informação, a falta de pluralismo e o terreno cada vez mais difícil para o exercício da profissão são problemas que, não sendo novos, exigem um combate decisivo”. Mas também concordo que o cerne do problema está muitas vezes dentro da classe, quando o tempo que dita as regras faz aumentar a pressão para se ser o “primeiro” a dar a notícia. E quando a regra é publicar primeiro e pensar depois, coloca muitas vezes em causa a credibilidade do jornalismo e cria alguma desconfiança sobre os jornalistas, alimentando os movimentos que promovem a “desinformação”.

Ninguém entra num campo de batalha com o intuito de ganhar a guerra sem um exército preparado e organizado. Sem uma estrutura sólida e sem estratégia. E o tempo conta, ou não fosse o presente o futuro do passado.

Enquanto a minha carteira profissional for de “jornalista” e não de “freteira” lutarei pela dignidade da profissão. É fácil? Não! É desmotivador? Por vezes.  

Desmotivador é também ver como a autorregulação é por vezes fraca ou quase inexistente. Há vários organismos a trabalhar para o mesmo, mas seguindo caminhos diferentes, quando o objectivo primordial deveria ser garantir a nobreza da profissão e a sua utilidade pública, como garante do próprio sistema democrático, mas começando por defender a classe de pressões que colocam em causa o código deontológico, a ética e o rigor informativo. Muitas vezes, os jornalistas estão sozinhos no campo de batalha, dependentes apenas do seu bom senso e da sua resistência. 

Comecei a minha carreira num órgão de comunicação social de âmbito nacional, mas rapidamente mudei (não desci) ao escalão regional, onde a proximidade é mais uma arma que fortalece as pressões e tenta menorizar e enfraquecer o jornalista. Mas é também neste nível que as estruturas que apregoam defender e autorregular o jornalismo muitas vezes falham, porque são as primeiras a olhar para os ditos “regionais” ou “locais” como menores. Mas não somos o parente pobre do jornalismo, antes pelo contrário. Somos maiores? Não! Mas somos seguramente iguais.

Esbater este preconceito que existe entre “nacional” e “regional” também tem de ser tido em conta. Há uma profissão que se chama Jornalismo e é exercida por Jornalistas! Em Lisboa, no Porto, Coimbra, em Castelo Branco ou atrás do sol posto. Querer acrescentar alguma nuance a esta afirmação, será acentuar e criar diferenças onde elas não existem. 

Apesar de alguma resistência, confesso, aceitei o desafio que me foi lançado para fazer parte desta lista “Aos jornalistas, pelo Jornalismo!”.

Resistência pelas experiências menos boas que tenho registado nos contactos com a ERC ou com a Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas, ou até mesmo com o Sindicato, de quem estive “desvinculada” alguns anos, pelo desencanto nas respostas às denúncias de abusos diversos, desde usurpação de funções, a plágios, entre outros. 

Mas se todos virarmos a cara e esperarmos sempre que outros resolvam as coisas não chegaremos a lado algum. Sempre ouvi dizer que quem quer vai, quem não quer manda. Por isso, não digo façam, mas sim façamos. E façamos acontecer!

 

Lídia Barata, jornalista no "Reconquista"

 

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